segunda-feira, 23 de julho de 2012

Caminho escuro

A minha cara sorri mas o meu coração chora,
A vontade continua a existir mas o caminho não o permite...

Entre cada curva e recta prolongada deste percurso perdido,
Alguém grita esquecimento alguém grita "não irá ouvir-te"...

Caminhando pela escuridão do presente apenas o passado ilumina,
Todos aqueles momentos que o amor sente
E a palavra que não será esquecida...

A vida é um mistério e o futuro é incerto,
Destino que se pensava escrito
Afinal não está mais perto...

Longo o caminho fica em cada minuto que passa,
Para trás fica a luz de um sorriso
Para a frente nada.

Vida

Sinto que levei um tiro no coração, mas continuo vivo para mais
uma noite, para mais um amanhecer, para mais um dia...
Para uma vida de luto entre lágrimas derramadas e palavras cortadas...
Para uma vida ignorada pela dor e sofrida pelo amor...

Vivo...
Viverei a cada segundo que passa esquecido pela escuridão, quão tenebrosa é...
Viverei sem esquecer o sonho, morto pelo pesadelo, quão escuro é...
Viverei pelo meio da tempestade entre cada explosão de trovões, quão violenta é...

Vivo...
Viverei para saber amar mais um dia...
Viverei mais um dia para saber amar...
Viverei com a dor que sinto por ter amado...
Mas por fim viverei com a felicidade de poder voltar a amar.

Pesadelo

Acordo a pensar que tudo não passou de um pesadelo...
Volto a fechar os olhos na esperança de criar um sonho...
Um sonho em que mais ninguém pudesse interferir...
Um sonho em que tudo se baseasse em felicidade.

Volto a abrir os olhos e mais uma vez o coração estremece...
Afinal tudo não passou de um sonho na minha cabeça...
Afinal tudo não passou de uma ânsia por felicidade...
Afinal estou acordado e o pesadelo é real.

Saudades

Saudades daquilo que não posso
daquilo que não tenho
daquilo que não vejo

Saudades daquilo que esqueço
daquilo que sinto
daquilo que fujo

Saudades de mim
de ti
de tudo

Saudades que o tempo mata
que o esquecimento apaga
que o coração destrói

Saudades de tudo e de nada...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Music Like Life

Funny how music it's in our lives in a most incredible way.
Everywhere we go... Places that makes us remeber about a certain music.
Feelings... Love, Happines, Friendship, Sadness, Fear, Loneliness...
So many feelings that can turn into a paint of diferent musics.
People... "This music made me remember that person"..."This sound make me remember her face, her smile, her touch, her perfume".
Places, persons, feelings that makes us remember a certain music.
Musics that makes us remember certain places, persons or feelings.
Life makes Music
Music makes Life
Life without Music it's not the same

2 Anos e quase 4 meses depois...

Muito se passou, desde o momento em que escrevi a última palavra nesta página, até hoje.

Porque deixei de escrever?
De certo, os motivos que pairam na minha cabeça são, por si, razões suficientes, mas por outro lado, não.
Tudo se resolve a uma simples palavra, Inspiração.
Estará o amor aliado à inspiração?
É possível...

Isto fez-me lembrar de um filme chamado "Limitless".
Eddie Morra (actor Bradley Cooper) é um escritor residente em Nova Iorque que recentemente acaba um relacionamento com a sua namorada Lindy (Abbie Cornish). Isto, aliado ao facto de ainda não ter conseguido cumprir o prazo de entrega do seu novo livro à editora, (o qual ainda nem sequer começou a escrever) tornam a vida de Eddie algo sombria, de dias cinzentos, sem cor nem alegria. Não tem inspiração ou talvez devido ao seu fracasso social não consiga criar uma história, seja fictícia ou veridica.
Felizmente ou infelzimente tudo muda para Eddie, quando um dia reencontra na rua Vernon Gant (Johnny Whitworth), o irmão da sua ex-mulher Melissa Gant (Anna Friel). Este é um negociante de drogas que oferece a Eddie uma amostra de uma nova droga, NZT-48.
Apesar de haver alguma hesitação, Eddie acaba por aceitar.
Para sua grande surpresa, descobre que a droga em questão aumenta a sua inteligência e melhora a sua concentração. O cérebro, normalmente usado a 20% do seu limite, passa a ser usado a 100%, todos os sentidos se tornam aguçados e uma nova visão sobre os problemas da sua vida começa a surgir. De repente parece que tudo é possível e estranhamente fácil de alcançar.

Bem, mas não vou mais a fundo em relação ao filme.
No caso do Eddie, havia amor. Mas por alguma razão, o seu desconforto com a sua vida e até mesmo com a editora fazem com que Lindy perca, de certa forma, um pouco o interesse pelo homem que admirava. É claro que para ele tornou tudo mais dificil.

No meu caso as coisas não foram bem assim.
Anteriormente, mais precisamente à dois anos três meses e catorze dias, falei sobre o amor poder ser equiparado a um vicio, o que na minha sincera opinião, sim, pode, muitas vezes até chega mesmo a obcessão. Mas o problema para um escritor, ou alguém que sempre gostou de escrever, como eu, é quando o motivo de inspiração se cruza nada mais nada menos com os encantadores momentos do Amor.
Ao encontrar um grande amor, parece que tudo o que escrevemos tem a ver com essa pessoa. Mesmo que estejamos a inventar uma história, parece que existe sempre algo que nutre mais facilmente na nossa imaginação com a ajuda deste sentimento que nos causa tanta felicidade.
Maior problema para um escritor do que o amor como forma de inspiração é o termino deste.
Durante todo este tempo perdi a vontade de escrever. Sentava-me em frente ao computador com a esperança de escrever uma misera frase, mas realmente a cabeça estava solidária com o coração que se encontrava em sofrimento. Nada saía para a página em branco, nada entrava na cabeça. A imaginação parecia estar a pregar partidas para aquele que outrora fora um passatempo de delicia pessoal. Isto no inicio, mais tarde a vontade simplesmente deixou de existir e com ela talvez a esperança.
Para minha infelicidade não me apareceu um Vernon Gant à frente com a resolução para os meus problemas. Mas por outro lado ao longo de todo este tempo, e para minha felicidade, fui criando amizades, muitas delas que me chegavam mesmo a incentivar e de alguma forma a tentar criar novamente aquela chama e aquela motivação, infelizmente quase todas com grande falhanço.
Parecia que a minha cabeça toldava a imagem de que era impossível voltar a fazê-lo.
Mas finalmente percebi que não é apenas o amor que controla ou não o gosto ou inspiração para a escrita, mas sim tudo o que nos rodeia. Natureza, família, amigos, tantas coisas que com o amor, chegamos mesmo a deixar para trás e não damos tanta importância. Muitas vezes apoiamo-nos cegamente numa bengala que está prestes a quebrar quando temos tantas outras onde nos podemos sentir felizes, seguros e apoiados.

Realmente sentir o apoio de alguém que nos é importante é muito satisfatório e quando realmente nos apercebemos que esse apoio existe e não há nada que o possa quebrar a felicidade instala-se, deixando para trás a solidão e os pensamentos negativos.

Escrever? Porque não?
A imaginação é um Mundo e como se costuma dizer, o céu é o limite.

PS. Agradeço por tudo a uma grande amiga minha. Andreia Silva.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Um Amor como vício

Será o amor equiparado à droga ou tabaco?

Há aqueles que ficam viciados em droga
Ganham problemas na vida
Começam a ficar com uma saúde débil
Gastam o seu dinheiro numa forma de loucura incompreensível

Começam por experimentar por brincadeira
Continuam a fazê-lo para a brincadeira
Para se divertirem com os amigos
Torna-se depois num momento de solidão
Num momento de loucura e necessidade.

Estúpidos aqueles que gastam nisso a sua vida
O único bem que não poderão voltar a ter.
Torna-se num vício vital para a sua sobrevivência…
Engraçada a contradição…
Utilizar daquilo que nos mata para a nossa sobrevivência.


Há depois o tabaco
Embora não seja tão fatal como a droga
É um vício mortal.
Começa como a droga… por brincadeira.

Depois há aqueles que usam o tabaco como uma forma de se afirmarem
Para mostrar aos outros que valem alguma coisa.
Estupidez deles utilizarem a morte para se armarem em bons.

Tudo tem um início e há coisas que têm um fim.

Há outras em que só queremos que não o tenham…

O amor… um vicio saudável e mortal ao mesmo tempo
Fonte de sentimentos inexplicáveis que nos brotam à flor da pele.

O meu amor é um vício em que tenho a certeza que não acaba.
Amor de magia, alegria, confiança e amizade.
Magia de um amor puro e divino
Alegria de uma relação confortável, descontraída e saudável
Confiança traçada entre dois laços que se entrelaçam na simplicidade da alma
Amizade obtida logo desde o início para purificar um amor encontrado.

Terá um lado negro?
Tem…
E até pode no momento, parecer um lado muito grande
Mas o outro lado,
Aquele que sabemos que é o que queremos que sobressaia,
Aquele que nos faz chorar de alegria só de pensar no sorriso dela ou no toque da sua pele,
Aquele que nos faz arrepiar só de pensar na pureza do seu olhar,
Aquele que nos para a respiração ou acelera só pela existência do seu ser,
Aquele que nos mete o maior medo de todos… medo de a perder.
Esse, é o maior dos dois.

O meu amor já teve momentos negros
De sofrimento e ansiedade.

Mas logo a seguir há uma luz inexplicável
Uma luz grandiosa aparece-nos a iluminar a nossa alma
A fazer brilhar o nosso olhar
Sabemos então que está tudo bem
Sabemos então que tudo não passou de um pesadelo
Sabemos então…
Que o nosso amor vence sempre.

Será então o amor equiparado à droga ou tabaco?

Em algumas coisas é…
Como o facto de ser mortal.

Mas nunca em alguma circunstância
Fornecerá momentos tão mágicos, tão inexplicáveis, tão reais e tão intensos, como faz o amor.

Será então um vício?

Sim, o melhor vício que pode existir
Eu tenho esse vício
Tu és esse vício
Amo-te



Venha a tempestade que vier
O meu amor por ti sobrevive a tudo
Esse será sempre o meu vício.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Fim-de-semana de verdadeiro amor

Os cheiros da rua, do mar, do quarto, do carro, da tua terra, do teu corpo…
O toque da tua roupa, dos teus objectos, das tuas mãos, da tua pele, dos teus lábios…
O sabor do nosso desejo, da nossa existência, do nosso amor, da tua boca, do teu ser…
A emoção de te ver, de te tocar, de te sentir, de te abraçar, de te beijar, de saber que te tenho…
Os sentimentos partilhados não só por palavras mas também por gestos, vividos com grande intensidade…
O conjunto de palavras expostas no ar para podermos respira-las calmamente, saboreando com amor cada frase dita…
Os olhares de paixão trocados em cada dia, em todos os momentos…
Os olhares de amor e carinho trocados em momentos tão especiais…
As carícias que me deste quando eu mais precisei…
A atenção um do outro partilhada apenas por nós os dois, sem mais ninguém…
As brincadeiras que fizemos…
Os sons que ouvimos juntos… do mar, dos carros lá fora, do vento… da nossa respiração…
As sensações sentidas à flor-da-pele por todos os momentos vividos, por todos os sentimentos partilhados, por saber que nos amamos de verdade e que nos temos um ao outro…
A alegria de te ver chegar, de te ver junto a mim quando isso foi o que sempre sonhei, de te sentir junto ao meu peito como sempre o desejei, de saber que me amas como sempre te amei, de te ter como eu pedi.
Os momentos de riso
Os momentos de choro
Todos os momentos

E embora venha a dor de novas saudades e de querer mais, vem também a felicidade imensa de saber que não foi só agora, não foi só um fim-de-semana. Continuará a ser para toda a vida… porque o amor e o desejo… esses ninguém nos tira.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um dia... Uma dor

Acordo de manhã numa semana de tempestade
O relógio marca as horas que eu não queria que marcasse
No quarto parece tudo sombrio e escuro
Fora dele parece uma selva de problemas
Caminho em direcção a mais um dia de cansaço e tristeza
Mais um dia sem aquela pessoa que me preenche.

As gotas no chuveiro parecem perceber a minha dor e caiem na pele relaxando o corpo
Depressa o espaço fica inundado num lençol de vapor
Adormeço num sonho profundo
Vejo o seu sorriso, o seu olhar
Oiço a sua voz
Sinto o seu toque
Mas depois volto a acordar e percebo que ainda o dia não acabou
Mal começou…

Envolvo-me no doce toque da toalha macia
Até podia ser uma toalha de espinhos… a dor da saudade, essa nada a consegue tirar.
Visto-me calmamente enquanto o sol começa a subir no horizonte
Aquela mesma visão que tive no primeiro dia em que a vi.

O corpo precisa de alimento mas a cabeça não cede
Como lentamente engolindo com dificuldade
Empurrando sem vontade o alimento
Pensando apenas no tempo, quão mau ele é…
Quando queremos que vá lentamente para saborearmos cada momento é quando ele nos prega uma partida e acelera. Quando queremos que tudo acabe e passe depressa ele crava-nos ainda mais a faca no peito e vai rodando, torturando… provocando uma dor agoniante.

Vejo-me ao espelho… quem sou eu? Não me reconheço mais.
Não é a mim que me vejo ao espelho
Ponho a cabeça para um lado, e depois para o outro
Mas não me consigo ver
Apenas a ela, à minha outra metade. Aquela metade com quem partilho o coração.
Tento fechar os olhos
Fico alguns segundos respirando o mesmo perfume
Tento ouvir a natureza lá fora
E então, começam a cair lágrimas pela minha face…
Abro novamente os olhos
Ainda não sou eu.

Corro até ao carro pois já estou atrasado, mas, sempre com ela no pensamento.
Pela estrada vejo condutores iguais, vejo pessoas parecidas
Ela não me sai da cabeça.

Olho para o telemóvel… nada.
Passo tempo nas aulas, olhando para o relógio
Olhando para o telemóvel
Pedindo que o tempo passe
Mas ainda parece pior…

De manhã as aulas acabam
De tarde começa uma longa espera até o dia acabar
Vagueio pela casa de um lado para o outro
Sento-me impaciente no sofá
Volto a levantar-me
Vou até lá fora
Volto a entrar
Subo as escadas
Desço as escadas
O telemóvel toca… é uma mensagem
Volto a subir as escadas a correr
Não é ela.

Mando-lhe outra mensagem dizendo o quanto ela me faz falta.
Mas ela não pode responder… está noutro país.
Os empregos as vezes mandam-nos para longe só para percebermos um pouco mais do trabalho
E sofrermos longe de tudo e daqueles que amamos
Cansarmo-nos em longas viagens
Separar-nos daquela pessoa que nos prende o pensamento
Sofrermos por o tempo não passar
Endoidecer por não poder dizer algo àquela pessoa que espera por nós

Coloco novamente o telemóvel na mesa
Deito-me na cama
Começo a chorar
Que sofrimento…

Chega a noite
Chega o jantar
Chega uma noite sem conseguir dormir
Deito-me na cama a fim de adormecer para acabar com o dia

Depois penso numa última coisa antes de fechar os olhos, aquela que me atormentou todo o dia…
Primeiro dia sem saber nada daquela pessoa que amo.
Não de propósito, mas porque a situação o obriga.

Foi um dia para esquecer
E iguais a este virão mais dois.
Mas uma coisa sei e nunca na vida estive tão certo como estou contigo…
Amo-te

sábado, 19 de setembro de 2009

Saudade

Saudade…
Um sentimento tão cruel. Tão severo.
Por baixo dos nossos pés tudo se transforma em facas afiadas.
Nos nossos olhos começamos a ver coisas que queremos, mas que na verdade não estão lá realmente.
Na nossa cabeça começa uma dor agoniante que nos faz querer pedir por socorro.

Olho para um lado e vejo-a a conduzir.
Olho para o outro e vejo-a a acenar com aquele olhar meigo.

Fecho os olhos… ainda a vejo.
Olho para o relógio. O tempo teima em não passar. Os segundos passam como se fossem horas, os minutos como se fossem dias, as horas como se fossem semanas. E o pior de tudo os dias como se fossem anos.
O meu corpo começa a contorcer-se de dor, de ansiedade. A minha cabeça começa a latejar. Os meus olhos ardem como se em vez de lágrimas deitassem sangue. O sangue da tristeza, da saudade.

Que sentimento tão cruel e malvado que nos deixa em tão tremenda aflição.

Levanto-me do sofá onde não paro de me mexer. Dou voltas pela casa em busca de algo… algo que me distraia durante uma semana de tempestade.
Mas nada corresponde ao meu desejo. Nada me faz esquecer os seus olhos meigos, o seu sorriso apaixonante… a sua personalidade de anjo.
Durante todos os segundos que passam lembro aqueles momentos vividos na sua companhia no primeiro dia em que nos vimos. Aquela aventura de conhecer… aquele sonho de continuar a seu lado. O desejo de lhe tocar… o sabor de um abraço quando dado com enormes sentimentos.

Na amizade, a saudade é grande
No amor, a saudade pode obter um tamanho colossal.
E o que estará acima do amor? Como será o tamanho da saudade nesse caso?
Não sei se existem palavras para isso, mas sei que é isso que sinto.

Felicidade de um grande amor, euforia de uma grande paixão. Relação pura e angelical.
Dor de uma despedida, sofrimento de uma saudade sem fim.
Mas nenhum mal se cruza entre nós.
Quanto maior for a saudade, maior será a emoção, maior será o sentimento.
Quanto maior for a saudade, maior será a intensidade do próximo momento.
Mas uma coisa é certa, a saudade dói.
Amo-te.

domingo, 16 de agosto de 2009

The Angel

Alguém uma vez disse
“Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras”

Até um certo dia andava sempre a falar ao vento, falar para ele é fácil. Ouve-nos quando precisamos.
Ele acariciava-me a face, soltava-me os cabelos e sussurrava-me ao ouvido em sinal de resposta
Uns dias trazia maresia, outros dias trazia folhas coloridas, noutros o devastador som da chuva e noutros dias trazia o doce perfume da Primavera.
Eu falava-lhe de tudo, contava-lhe histórias, falava dos meus sonhos e sussurrava-lhe os meus segredos. Para mim, o vento era um amigo.

Um dia parou de responder… Então entrei em pânico.
E agora, com quem ia eu falar? Com quem ia partilhar aquilo que gostava? Com quem ia contar?
O vento respondeu-me uma última vez e empurrou-me…
Mais uma vez parou…
Mas foi aí que a vi, a mais bela obra de arte que alguma vez vira.

O meu coração acelerou o ritmo. Saltava desenfreado no meu peito.
Comecei a andar na sua direcção.
Ela olhou para mim… O meu coração parou.
Quem seria aquela jovem que me prendeu a vista e me fez esquecer o vento?
Nunca tinha esquecido o vento antes. O vento não me ouvia mais.
Tentei falar ao meu coração mas também ele não me respondeu. Por vezes o coração prega-nos partidas.
Parei… temi pela reacção.
Ela levantou-se e olhou para mim. Começou a andar na minha direcção.
A certo ponto também ela parou.

Virei-me…
Respirei…
Olhei o sol no horizonte…
O mar tinha parado.
O respirar da Terra tinha cessado.
Tudo à volta parecia uma pintura em tela onde imaginamos tudo em movimento.
E voltei-me novamente na sua direcção… dos meus olhos saíram lágrimas.
Ela já se encontrava ao pé de mim.
Conseguia respirar o seu perfume…
Ouvir a sua respiração…
Sentir a sua pulsação.

Estendeu-me a mão e eu agarrei-a.
O Mundo estremeceu
Mas depois o vento falou-me outra vez…
Por momentos fiquei sem a ver…
O meu coração rebentava de tristeza.

Senti-me tão mal
Corri em todas as direcções fugindo do vento. Esperando que voltasse a ver aquela jovem.
Chorei de medo de a perder.

Triste, escondi-me por entre as sombras do passado, pesadelos esquecidos.
Na minha cabeça começava uma tempestade, no meu coração os trovões rebentavam ferozes.
Na minha face corria um riacho que teimava em não cessar.
Mas nos meus olhos ainda existia um brilho, um brilho de esperança.

A tempestade teimava em não acabar. Parecia que ia piorando há medida que o tempo passava.
A minha cabeça latejava de tanto ribombar.
O meu coração sangrava de sofrimento.
Os meus olhos choravam de tristeza.

Levantei-me por fim do meu esconderijo.
O vento parou
A tempestade acalmou
O sol começou a brilhar outra vez.
As nuvens desapareciam lentamente no céu.
Tudo voltava ao normal, mas ainda a via destorcida nos meus olhos.
Mal a conseguia ver.

Foi então que a sua voz sussurrou nos meus ouvidos.
O brilho de esperança limpou-me a visão.
Já conseguia ver nitidamente.
E mais uma vez… lá estava ela, de asas abertas, alma de um anjo…
De mão estendida para me agarrar de novo.
Agarrei-me a ela com ainda mais força que da primeira vez.
Desta vez não foi só o Mundo que tremeu…
Terra, Céu, Sol, Mar, todo o Universo dos nossos sentidos…
Debaixo dos pés deixei de sentir o chão.
Voando em direcção ao infinito do céu… tudo parecia divino.
Aterrámos num Mundo só nosso, onde ninguém nos poderia separar
Onde ninguém nos pudesse ver.
Onde finalmente pudesse viver sabendo que sentimentos correm em mim.
Mais uma vez soltei lágrimas ao olhar os seus olhos. Olhos puros por onde se podia ver toda sua alma e o seu coração. Lágrimas de alegria que nunca soltara.

Quis dar-lhe um abraço… um daqueles que não mais acabasse. O abraço merecido.

Mais nenhuma tempestade se meterá no nosso caminho.
Nós somos o barco que vence à força do mar
Somos a árvore que se mantém firme ao chão no meio do temporal
Somos um
Uma vida
Uma só pessoa.
As mesmas asas que continuarão a voar por todo o lado.




Amizade

Felicidade..
Amizade..
Ternura..
Carinho..
Atenção…

Por vezes pensamos..
Que sentimentos são esses? Será que os sinto? Ou será que simplesmente os deixei de sentir?

Por vezes pensamos..
Que poderei eu fazer para ser feliz? O que é a felicidade afinal? Será que depende só de nós?

Pensamos também..
Quando terei eu um momento de ternura? Um momento de carinho? Um pequeno momento de atenção?

Atenção?
O que será isso?
Oferecermos o nosso ombro? Vermos as lágrimas de quem gostamos? Apoiar e ouvir aqueles que precisam?
Então e nós? Então e eu?
Quem me dará atenção?
Quem estará presente para me dar o ombro como já fiz?
Quem verá as minhas lágrimas a cair pelo rosto quando tudo parece perdido?
Quem estará connosco para nos ouvir e dar um abraço?
Um abraço… simples gesto de tanto sentimento.
Quem o fará por mim como já o fiz?

Mas depois penso…
Saltei um ponto. Saltei um sentimento…
Amizade.
É essa a resposta.
São eles que nos abraçam..
São aqueles que realmente se preocupam connosco.
São eles que tornam o Mundo algo melhor..
São eles que fazem com que o perdido volte a esconder-se nas sombras e nos voltemos a encontrar.
São eles que nos limpam as lágrimas que nos cobrem o rosto.
São eles que nos dão atenção quando nos sentimos realmente sozinhos, presos a pesadelos, a tempestades do passado, afogados em mágoa e solidão.

Amigos nunca se esquecem..
Amigos nunca se perdem..
Amigos nunca nos deixam..
Será mesmo assim a amizade?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Noite de sonhos

Encontrei-te...
Na escuridão da noite vi o brilho do teu sorriso
Fiquei encadeado com tal beleza
Enfeitiçaste o meu olhar
Encantaste o meu espírito

Na escuridão da noite encontrei a pureza do teu olhar
Vi a beleza da tua alma
Mostraste-me o bom do teu interior
E realçaste todo o teu encanto

Quero ver-te todos os dias tal como te vejo em sonhos
Quero ver-te todos os dias como te vi naquela noite em que te encontrei a iluminar a escuridão
Apenas sei uma coisa
Quero ver-te.

domingo, 19 de abril de 2009

Adeus


Vejo as folhas a cair
A chuva a cair
Oiço o vento soprar
Sem mais poder ver aquele luar.
Vejo o branco lá fora
Sinto o frio na pele
Vejo o baloiço vazio
Aquele onde costumavas andar.

Vejo o jardim a florir
O verde a aparecer
Sinto a tua presença
Por nunca te esquecer.
Vejo o sol no horizonte
Oiço o adeus na minha mente
Só tu não voltas ao meu olhar
O mundo assim está diferente.

Passam anos sem te esquecer
Passo noites a chorar
Passam anos sem te poder ver
Passo noites sem sonhar

O sonho foi morto pelo pesadelo
Nos meus sonhos apenas te vejo fugir
Não esqueço o teu toque de seda
As noites sempre a rir.
Só queria amor
Que tu soubeste dar
Mas tudo passou depressa
E ainda não parei de te amar.

Não sei que mais fazer
Todos os dias espero por ti
Mas começo a perceber
Que o mesmo não sentias por mim.
Agora resta uma palavra
Aquela que não me soubeste dar
Adeus amor para sempre
Ficarás sempre no meu olhar.

sábado, 18 de abril de 2009

O som da escuridão

É estranho, para que acordei agora se ainda está de noite?
Não, ela diz-me que não está de noite e que está um belo dia.
Mas então, onde estamos?
Porque está tão escuro?
Terei eu os olhos fechados?
Não, estão abertos
O silêncio diminui, a escuridão sussurra aos nossos ouvidos.
Ouvimos sons por todos os lados
Não há luz, mas há esperança
Caminhamos juntos pela escuridão
Mão dada, pele com pele, amor com amor
O medo aumenta e então a coragem também.
O caminho parece mais longo,
Sem ver nada estamos mais atentos
Haverá perigo? Não haverá?
Estaria assim se conseguisse ver?
Mas porque não vejo nada?
Começo a sentir o vento a despentear-me o cabelo
Ela diz para me descalçar.
Eu descalço-me mas sem perceber nada.
Caminhamos um pouco mais, descalços
Começo a sentir areia nos pés, começo a ouvir ruídos ao longe.
Mas para onde foi o sol?
Onde estamos nós?
Começo a perceber o que se passa
Começo a entrar em pânico
Toco nos olhos e sinto-os abertos
Sinto o calor do sol na minha pele
Não está de noite, está mesmo de dia
E então ela abraça-me
E diz-me
Nunca te vou largar.

Rua


Eu sou o Street Walker,
aquele que não anda apenas na rua
aquele que não olha apenas para as pessoas que passam

eu sou aquele que dá atenção até às coisas mais pequenas
até ao mais pequeno pormenor dos problemas
olho para todos os lados
vejo dor e sofrimento
vejo alegria e emoção
sinto
cheiro
oiço
vejo
não olho apenas

vejo sorrisos
oiço gargalhadas
cheiro o doce aroma da alegria

vejo lágrimas
corações destroçados
oiço choros prolongados
cheiro o terrível aroma da dor

a rua é uma selva
cheia de cheiros, emoções, olhares que se cruzam
paixões que começam e acabam
amizades que passeiam
alegria, tristeza, dor,
sentido, esperança, dignidade, cor
revolta, fúria, ansiedade
tantas emoções que passam despercebidas a maior parte das vezes quando se passeia na rua

para que serve a rua afinal?
para passear, levar os olhos fechados e ver apenas o caminho em frente? não olhar para os desconhecidos que nada nos significam? saber apenas dizer que temos para onde ir e andamos apressados para lá chegar?
saber que por vezes apenas vamos na rua por andar sem preocupações?

a rua é um Mundo, uma avenida prolongada de pensamentos
um lugar de sonhos e carinhos
a rua não serve apenas para caminhar para chegar a qualquer sítio ou para andar por andar.
numa rua não se olha, vê-se, sente-se, cheira-se...
toma-se atenção para tudo o que nos rodeia.
numa rua sonha-se

numa rua vive-se.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ver o Mundo com outros olhos

Quando passas nas ruas olhas ou vês o que te rodeia?

Se calhar apresentam-se várias situações no teu dia-a-dia enquanto andas na rua, mas não vês, apenas olhas.

Há uma diferença entre as duas palavras. Apesar de parecer significar o mesmo, olhar é direccionar os nossos olhos para algo, mas não ligamos muito, não damos muita importância. Ver é completamente diferente. Ver é sentir o que a outra pessoa ao nosso lado sente, compreendê-la e dar-lhe atenção. Ver é entender bem o que nos rodeia fazendo-nos preocupar com algumas situações. É saber agir quando é preciso em vez de ficarmos apenas a olhar.

Esta é a diferença entre as duas palavras. Agora pensa, quando andas nas ruas e vês um sem-abrigo à tua frente, o que fazes? Olhas ou vês?

Quando passas por uma loja de electródomésticos com grandes televisões na montra a mostrar imagens de crianças que passam fome por esse Mundo fora... o que fazes? Olhas ou vês? Vês a televisão e olhas para as crianças ou olhas para a televisão e vês as crianças?

És capaz de perceber a diferença? Eu já percebi.

Este é um dos grandes problemas da nossa sociedade. Apenas olhamos para as coisas e não vemos com atenção. Não conseguimos sentir os outros que nos rodeiam. Não conseguimos agir quando é realmente preciso.

Vamos parar de olhar e vamos começar a ver... certamente que o Mundo seria, para todos, um lugar melhor para viver.