domingo, 19 de abril de 2009

Adeus


Vejo as folhas a cair
A chuva a cair
Oiço o vento soprar
Sem mais poder ver aquele luar.
Vejo o branco lá fora
Sinto o frio na pele
Vejo o baloiço vazio
Aquele onde costumavas andar.

Vejo o jardim a florir
O verde a aparecer
Sinto a tua presença
Por nunca te esquecer.
Vejo o sol no horizonte
Oiço o adeus na minha mente
Só tu não voltas ao meu olhar
O mundo assim está diferente.

Passam anos sem te esquecer
Passo noites a chorar
Passam anos sem te poder ver
Passo noites sem sonhar

O sonho foi morto pelo pesadelo
Nos meus sonhos apenas te vejo fugir
Não esqueço o teu toque de seda
As noites sempre a rir.
Só queria amor
Que tu soubeste dar
Mas tudo passou depressa
E ainda não parei de te amar.

Não sei que mais fazer
Todos os dias espero por ti
Mas começo a perceber
Que o mesmo não sentias por mim.
Agora resta uma palavra
Aquela que não me soubeste dar
Adeus amor para sempre
Ficarás sempre no meu olhar.

sábado, 18 de abril de 2009

O som da escuridão

É estranho, para que acordei agora se ainda está de noite?
Não, ela diz-me que não está de noite e que está um belo dia.
Mas então, onde estamos?
Porque está tão escuro?
Terei eu os olhos fechados?
Não, estão abertos
O silêncio diminui, a escuridão sussurra aos nossos ouvidos.
Ouvimos sons por todos os lados
Não há luz, mas há esperança
Caminhamos juntos pela escuridão
Mão dada, pele com pele, amor com amor
O medo aumenta e então a coragem também.
O caminho parece mais longo,
Sem ver nada estamos mais atentos
Haverá perigo? Não haverá?
Estaria assim se conseguisse ver?
Mas porque não vejo nada?
Começo a sentir o vento a despentear-me o cabelo
Ela diz para me descalçar.
Eu descalço-me mas sem perceber nada.
Caminhamos um pouco mais, descalços
Começo a sentir areia nos pés, começo a ouvir ruídos ao longe.
Mas para onde foi o sol?
Onde estamos nós?
Começo a perceber o que se passa
Começo a entrar em pânico
Toco nos olhos e sinto-os abertos
Sinto o calor do sol na minha pele
Não está de noite, está mesmo de dia
E então ela abraça-me
E diz-me
Nunca te vou largar.

Rua


Eu sou o Street Walker,
aquele que não anda apenas na rua
aquele que não olha apenas para as pessoas que passam

eu sou aquele que dá atenção até às coisas mais pequenas
até ao mais pequeno pormenor dos problemas
olho para todos os lados
vejo dor e sofrimento
vejo alegria e emoção
sinto
cheiro
oiço
vejo
não olho apenas

vejo sorrisos
oiço gargalhadas
cheiro o doce aroma da alegria

vejo lágrimas
corações destroçados
oiço choros prolongados
cheiro o terrível aroma da dor

a rua é uma selva
cheia de cheiros, emoções, olhares que se cruzam
paixões que começam e acabam
amizades que passeiam
alegria, tristeza, dor,
sentido, esperança, dignidade, cor
revolta, fúria, ansiedade
tantas emoções que passam despercebidas a maior parte das vezes quando se passeia na rua

para que serve a rua afinal?
para passear, levar os olhos fechados e ver apenas o caminho em frente? não olhar para os desconhecidos que nada nos significam? saber apenas dizer que temos para onde ir e andamos apressados para lá chegar?
saber que por vezes apenas vamos na rua por andar sem preocupações?

a rua é um Mundo, uma avenida prolongada de pensamentos
um lugar de sonhos e carinhos
a rua não serve apenas para caminhar para chegar a qualquer sítio ou para andar por andar.
numa rua não se olha, vê-se, sente-se, cheira-se...
toma-se atenção para tudo o que nos rodeia.
numa rua sonha-se

numa rua vive-se.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ver o Mundo com outros olhos

Quando passas nas ruas olhas ou vês o que te rodeia?

Se calhar apresentam-se várias situações no teu dia-a-dia enquanto andas na rua, mas não vês, apenas olhas.

Há uma diferença entre as duas palavras. Apesar de parecer significar o mesmo, olhar é direccionar os nossos olhos para algo, mas não ligamos muito, não damos muita importância. Ver é completamente diferente. Ver é sentir o que a outra pessoa ao nosso lado sente, compreendê-la e dar-lhe atenção. Ver é entender bem o que nos rodeia fazendo-nos preocupar com algumas situações. É saber agir quando é preciso em vez de ficarmos apenas a olhar.

Esta é a diferença entre as duas palavras. Agora pensa, quando andas nas ruas e vês um sem-abrigo à tua frente, o que fazes? Olhas ou vês?

Quando passas por uma loja de electródomésticos com grandes televisões na montra a mostrar imagens de crianças que passam fome por esse Mundo fora... o que fazes? Olhas ou vês? Vês a televisão e olhas para as crianças ou olhas para a televisão e vês as crianças?

És capaz de perceber a diferença? Eu já percebi.

Este é um dos grandes problemas da nossa sociedade. Apenas olhamos para as coisas e não vemos com atenção. Não conseguimos sentir os outros que nos rodeiam. Não conseguimos agir quando é realmente preciso.

Vamos parar de olhar e vamos começar a ver... certamente que o Mundo seria, para todos, um lugar melhor para viver.