terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um dia... Uma dor

Acordo de manhã numa semana de tempestade
O relógio marca as horas que eu não queria que marcasse
No quarto parece tudo sombrio e escuro
Fora dele parece uma selva de problemas
Caminho em direcção a mais um dia de cansaço e tristeza
Mais um dia sem aquela pessoa que me preenche.

As gotas no chuveiro parecem perceber a minha dor e caiem na pele relaxando o corpo
Depressa o espaço fica inundado num lençol de vapor
Adormeço num sonho profundo
Vejo o seu sorriso, o seu olhar
Oiço a sua voz
Sinto o seu toque
Mas depois volto a acordar e percebo que ainda o dia não acabou
Mal começou…

Envolvo-me no doce toque da toalha macia
Até podia ser uma toalha de espinhos… a dor da saudade, essa nada a consegue tirar.
Visto-me calmamente enquanto o sol começa a subir no horizonte
Aquela mesma visão que tive no primeiro dia em que a vi.

O corpo precisa de alimento mas a cabeça não cede
Como lentamente engolindo com dificuldade
Empurrando sem vontade o alimento
Pensando apenas no tempo, quão mau ele é…
Quando queremos que vá lentamente para saborearmos cada momento é quando ele nos prega uma partida e acelera. Quando queremos que tudo acabe e passe depressa ele crava-nos ainda mais a faca no peito e vai rodando, torturando… provocando uma dor agoniante.

Vejo-me ao espelho… quem sou eu? Não me reconheço mais.
Não é a mim que me vejo ao espelho
Ponho a cabeça para um lado, e depois para o outro
Mas não me consigo ver
Apenas a ela, à minha outra metade. Aquela metade com quem partilho o coração.
Tento fechar os olhos
Fico alguns segundos respirando o mesmo perfume
Tento ouvir a natureza lá fora
E então, começam a cair lágrimas pela minha face…
Abro novamente os olhos
Ainda não sou eu.

Corro até ao carro pois já estou atrasado, mas, sempre com ela no pensamento.
Pela estrada vejo condutores iguais, vejo pessoas parecidas
Ela não me sai da cabeça.

Olho para o telemóvel… nada.
Passo tempo nas aulas, olhando para o relógio
Olhando para o telemóvel
Pedindo que o tempo passe
Mas ainda parece pior…

De manhã as aulas acabam
De tarde começa uma longa espera até o dia acabar
Vagueio pela casa de um lado para o outro
Sento-me impaciente no sofá
Volto a levantar-me
Vou até lá fora
Volto a entrar
Subo as escadas
Desço as escadas
O telemóvel toca… é uma mensagem
Volto a subir as escadas a correr
Não é ela.

Mando-lhe outra mensagem dizendo o quanto ela me faz falta.
Mas ela não pode responder… está noutro país.
Os empregos as vezes mandam-nos para longe só para percebermos um pouco mais do trabalho
E sofrermos longe de tudo e daqueles que amamos
Cansarmo-nos em longas viagens
Separar-nos daquela pessoa que nos prende o pensamento
Sofrermos por o tempo não passar
Endoidecer por não poder dizer algo àquela pessoa que espera por nós

Coloco novamente o telemóvel na mesa
Deito-me na cama
Começo a chorar
Que sofrimento…

Chega a noite
Chega o jantar
Chega uma noite sem conseguir dormir
Deito-me na cama a fim de adormecer para acabar com o dia

Depois penso numa última coisa antes de fechar os olhos, aquela que me atormentou todo o dia…
Primeiro dia sem saber nada daquela pessoa que amo.
Não de propósito, mas porque a situação o obriga.

Foi um dia para esquecer
E iguais a este virão mais dois.
Mas uma coisa sei e nunca na vida estive tão certo como estou contigo…
Amo-te

sábado, 19 de setembro de 2009

Saudade

Saudade…
Um sentimento tão cruel. Tão severo.
Por baixo dos nossos pés tudo se transforma em facas afiadas.
Nos nossos olhos começamos a ver coisas que queremos, mas que na verdade não estão lá realmente.
Na nossa cabeça começa uma dor agoniante que nos faz querer pedir por socorro.

Olho para um lado e vejo-a a conduzir.
Olho para o outro e vejo-a a acenar com aquele olhar meigo.

Fecho os olhos… ainda a vejo.
Olho para o relógio. O tempo teima em não passar. Os segundos passam como se fossem horas, os minutos como se fossem dias, as horas como se fossem semanas. E o pior de tudo os dias como se fossem anos.
O meu corpo começa a contorcer-se de dor, de ansiedade. A minha cabeça começa a latejar. Os meus olhos ardem como se em vez de lágrimas deitassem sangue. O sangue da tristeza, da saudade.

Que sentimento tão cruel e malvado que nos deixa em tão tremenda aflição.

Levanto-me do sofá onde não paro de me mexer. Dou voltas pela casa em busca de algo… algo que me distraia durante uma semana de tempestade.
Mas nada corresponde ao meu desejo. Nada me faz esquecer os seus olhos meigos, o seu sorriso apaixonante… a sua personalidade de anjo.
Durante todos os segundos que passam lembro aqueles momentos vividos na sua companhia no primeiro dia em que nos vimos. Aquela aventura de conhecer… aquele sonho de continuar a seu lado. O desejo de lhe tocar… o sabor de um abraço quando dado com enormes sentimentos.

Na amizade, a saudade é grande
No amor, a saudade pode obter um tamanho colossal.
E o que estará acima do amor? Como será o tamanho da saudade nesse caso?
Não sei se existem palavras para isso, mas sei que é isso que sinto.

Felicidade de um grande amor, euforia de uma grande paixão. Relação pura e angelical.
Dor de uma despedida, sofrimento de uma saudade sem fim.
Mas nenhum mal se cruza entre nós.
Quanto maior for a saudade, maior será a emoção, maior será o sentimento.
Quanto maior for a saudade, maior será a intensidade do próximo momento.
Mas uma coisa é certa, a saudade dói.
Amo-te.